terça-feira, 30 de setembro de 2008

Tarde de terça feira em casa

Tenho saudades de todas as pessoas que eu amo. Em algumas horas verei meus amigos, em apenas alguns dias verei minha amada e meus pais, meu irmão e minha sobrinha, e quem sabe verei outros amigos que há tempos não vejo, mas quanta falta me fazem!

Penso neles a todo momento, eu os amo mais que tudo.

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Uso dos diários de Kafka #3 - 1921

29 de outubro

"No curso de uma das noites seguintes, terminei apesar de tudo por participar realmente do jogo, anotando os resultados alcançados por minha mãe. Desse fato não adveio nenhuma aproximação e se houve disso qualquer sinal, logo foi desfeito pelo aborrecimento, pelo cansaço, pela lamentação do tempo perdido. Teria acontecido sempre assim. Esta zona fronteira, colocada entre a solidão e a comunidade, apenas a ultrapassei muito raras vezes, estabeleci-me nela mais solidademente do que na verdadeira solidão. Como é linda e viva, comparada a isso, a ilha de Robinson!"

Uso dos diários de Kafka #2 - 1921

16 de outubro

"Domingo. A desventura de um eterno começar, a ausência de ilusões com respeito ao fato de que tudo não é senão um começar e nem mesmo um começar; a insânia dos outros que o ignoram e que, por exemplo, praticam o futebol para atingir "a alguma coisa; a minha própria insânia escondida dentro de si mesma, como em um ataúde, a insânia dos demais que acreditam ver aqui um verdadeirao ataúde, consequentemente um ataúde que é passível de ser transportado, aberto, destruído, trocado por qualquer outro.
(...)
Insânia insuficiente: por uma fresta o vento sibila e obsta uma total ressonância.

Se está em mim o desejo de ser um atleta peso-pluma, deve-se entender isso com toda verossimilhança como se eu quisesse ir ao céu para gozar o direito de ali estar tão angustiado como o estou aqui embaixo.

Por muito miserável que a minha constituição seja 'todas as coisas iguais aliás' (especialmente levando-se em consideração a minha débil vontade), supondo mesmo que seja o mais miserável do mundo, terei necessidade, entretanto, isso mesmo em minha crença, de tentar conquistar o melhor com os meios que me oferta; não é senão um mero sofisma afirmar que não se pode, com tais meios, alcançar mais de uma só coisa e que consequentemente essa única coisa seria a melhor e que essa melhor coisa seria a angústia."

17 de outubro

"O fato de nada ter aprendido de utilidade e - coisa que lhe está intimamente unida - que me tenha deixado enfraquecer fisicamente, esse fato pode ocultar uma intenção. Não desejaria ser desviado, desviado pela satisfação de viver que sente um homem sadio e útil. Como se a enfermidade e a angústia não desviassem tanto quanto isso, ao menor!

Teria a possibilidade de arredondar esse pensamento e terminá-lo de vários modos favoravelmente a mim, porém não me atrevo e não creio - ao menor hoje e durante o maior número de dias que venham - não creio em qualquer solução que me possa favorecer."

18 de outubro

"Tempo eterno da meninice. Outra vez um chamado da vida.

É totalmente concebível que a maravilha da vida esteja difundida em torno de qualquer um e isso sempre na plenitude, porém velada, na intimidade, muito distante.

Chamemo-la com a palavra adequada, pelo seu nome real, aí ela vem. Nisso reside a essência da magia que não cria, porém invoca."

Uso dos diários de Kafka #1 - 1915

24 de janeiro

"Os óbices que eu sinto quando falo, evidentemente incríveis para outros, vêem do fato de que meu pensamento ou melhor o conteúdo de minha consciência é completamente nebuloso, ainda que nele repouse sossegado e contente comigo mesmo, enquanto uma conversação humana requer minúcia, consistência e um encadear-se contínuo. Todas essas coisas que não existem de modo algum em mim. Ninguém ficará de boa vontade nas nuvens comigo e mesmo que o fizesse eu não poderia apesar disso espalhar a bruma para fora de minha cabeça, entre dois seres humanos ela dilui e não é nada."

25 de fevereiro

"Depois de vários dias de dor de cabeça constante, por fim me sinto um pouco mais livre e confiante. Se eu fosse outro, que me contempla de fora e vê o curso de minha vida, diria certamente que tudo isto deve terminar em nada, consumir-se em uma dúvida incessante que apenas posso inventar mortificações. Mas em meu caráter de parte interessada, continuo esperando."

domingo, 21 de setembro de 2008

Sou impura e imperfeita.
Translúcida e incolor.
O que é meu não tem dono
nunca teve.
Aquilo que por mim passa,
há de ter passado antes
e virá a passar depois.
Sem ter, sem ser.

Mas sei, algo fica
(esse algo sim é meu).
O resto apenas caminha...

Restos que caminham paralelamente
tão pertos
embora quase imperceptíveis,
quase inconscientes...
distantes...

Passe pureza!
Passe perfeição!
Longe.

excesso

Sou toda sentido
cabeça, pescoço, ouvido,
pé e mão.
Coração.
Bexiga, baço,
abraço.
Intestino,
íntimo,
infinito.
Glândulas e amor.

E as minhas glândulas inflamam,
assim como meu amor.

Sinto amor,
dor,
e um espaço vazio.
Oco.
Fome.
Frio.

O amargo e o doce.
Você.
Nós
e o Outro.
Aquilo que transcende,
(dente)
O que não consigo
(umbigo)...

Respira.
Expira.
Fundo.

Já não caibo mais nesse mundo.

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Paralelas #2



Foto por Talita.

Fala rarefeita #1

Repito como passaporte falso: conduta vibrante, a de ser traça.

Paralelas #1



Foto por Talita.